6 de jun. de 2011

Mario Sergio Cortella dos Diálogos Impertinentes

"Álvaro Lins, crítico literário pernambucano que chegou a chefiar a Casa Civil do governo JK, fez uma reflexão no "Notas de um Diário de Crítica" que expressa uma parte dessa contraditória agonia: "Ah, a tristeza de saber, no fim da leitura de certos livros, que nunca mais os leremos pela primeira vez, que não se repetirá jamais a sensação da primeira leitura, que não teremos renovada a felicidade de ignorá-los num dia e conhecê-los no dia seguinte".

Certa vez, o grande linguista e pensador brasileiro Flávio Di Giorgi perguntou a um aluno, em um sarau na PUC-SP, se ele já houvera lido a "Odisséia", de Homero; o jovem, cabeça baixa, um pouco envergonhado, disse que não. Imediatamente, o professor, olhos umedecidos, disse a ele, voz embargada e com a sinceridade de sempre: "Eu o invejo; eu já a li"."

CORTELLA, Mario Sergio. Um persistente cio. In: Folha de S. Paulo, São Paulo, 26 de set. 2002. Equilíbrio. Online. Disponível na Internet http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2609200226.htm

Um comentário:

  1. (...) gostaria de voltar para aquela noite quando, após ter aberto este pequeno volume na rua, fecheio-o após as primeiras linhas que li, apertei-o em meu peito e corri até meu quarto para devorá-lo enfim sem testemunhas. E invejo, sem amargura, invejo, se ouso dizê-lo, calorosamente, o jovem desconhecido que, hoje, aborda pela primeira vez. Les îles
    Janeiro de 1959
    Alberto Camus

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