30 de abr. de 2008

Peso da Esperança ou Acordar

Minha lágrima tem o peso da saudade
Saudade do que nunca mais voltará
Saudade nas lembranças presentes
Adormecidas no passado

Meu olhar tem o tamanho do vazio
Do vazio que absorve tudo
De tudo que se dissolve no mundo
Para se fazer recordar

Meu olhar é como cachoeira
No coração há uma nascente
Todo dia jorra abundantemente
Um lágrima, de repente pesa, vertente

Tem o peso da esperança...
a lágrima cai
Retumba como um raio no ar
anunciando o relâmpago!!!!!
transborda no mar
e me faz acordar.

27 de abr. de 2008

Uma outra arte é possível

A massificação geral
suprime o desejo individual
Uma arte é usada para alienar
a ilusão não para de se infiltrar

O homem queria dominar mas econtramos ele dominado,
exaurido, revoltado, cansado, tombado.

Felizmente uma "outra arte" é possível
tímida, pequena, inusitada, quase ninguém vê,
arte que reproduz o mundo, mais uma vez surge a Esperança
arte que cria um novo homem à sua própria imagem e semelhança.

Desabafo das duas partes (Jô e Nî) que amam

a Jorce

Hoje medem tudo, as cores, os odores, o amor...não amam simplesmente pelo fato de amar..."racionalizam" o amor.

a Nita
Amo você, mas quer saber??? *@#%-!$!

"A alma não existe senão pela esperança. A esperança é, talvez, o próprio tecido do qual nossa alma está formada." Gabriel Marcel
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Poesia de um domingo contente

Já procurei no dicionário
frase com s? ou com z?
Já procurei no calendário
mês com acento? meses com z?

Só uma coisa sei certo: Amo você!

Já andei sem jeito
por errar o jeito certo de escrever,
escrevendo com g

Uma coisa eu não nego e sei escrever correto: Amo você!

Já errei um montão de verbos.
Já escrevi sobre o nada concreto.
Escrevi sobre coisas que só o espírito vê...

Mas sei muito bem escrever o que todos entendem: Amo você!

Já tentei buscar fora o que só encontro dentro.
Já procurei nas teorias, as causas do sofrimento
e encontrei em mim mesma a verdade do nada
do eterno momento; eu + você.

De um amor de uma parte, que se transforma em arte
que se completa no outro, mas que vive sem o outro

porque ocupa os espaços, preenchendo o vazio
Alma? Espírito? Alguém? Ninguém? Vida? Você????!!!
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Deus criou a mulher. Fêmea as criou, e as criou belas e feias, direitas e tortas, brancas e negras...

Quem ele preferem???
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Toda noite me derramo em lágrimas até transformar meu fogo em cinzas

e das cinzas do meu choro...,
papéis higiênicos inchados...,
olhos despedaçados,
renasce toda manhã uma bela Fênix
que dos recônditos da alma,
encontra novamente forças para viver,
e quem sabe transcender...


Algumas Respostas
A tempo descobri que somos autodestrutivos e estava tentando me destruir criando um amor ilusório... Esmiucei, acompanhei, questionei, perguntei, indaguei para mim mesma e descobri que ficar se magoando com alguém que não nos quer não leva a nada, de repente damo-nos conta que é somente um mecanismo de auto-destruição que usamos....

Caralho, como posso ser consciente e feliz???

Sonho, idealizo uma moral, uma honra. Entretanto vivo ardendo em paixão e anarquia desenfreada!!!
Vivo admirada, extasiada pela arte, pela beleza, pela poesia, pela vibração, pela criação!!!!!
Em todo lugar sempre há alguma coisa para eu me maravilhar..porra!

21 de abr. de 2008

Jorce e Nita dois seres em conflito

O mar está muito alto, o céu está muito baixo.
Preciso encontrar o equilíbrio: pensar, falar e agir da mesma forma.

Sou um ser contido no mundo, tenho o mundo contido em mim.
Microcosmo dentro do Macrocosmo, restos de poeira estelar,
pés no chão, olhos para o céu, reflexos de sol, luz, brilho na escuridão
sou fogo que arde sem queimar, sou gelo que queima sem arder.

A Jorce puxa e repuxa, a Nita empuxa e transpuxa. E assim ela(s) vai(ão) sendo arremessada(s) constantemente ao ar sempre que tenta(m) tocar no chão. E neste espaço entre o puxo e o empuxo, o repuxo e o transpuxo não há ninguém... E entre eLLas e o mundo - o vazio do nada. E entre ninguém e o vazio do nada: um misterioso fio tênue de esperança toca no dia!

"Se o nada desaparecer a poesia acaba". Manoel de Barros

19 de abr. de 2008

O trabalho


Todos os dias pela manhã ela acordava, arrumava a cama, limpava o quarto e corria para o trabalho.
Certo dia, ela acordou mais cedo, olhou as paredes brancas do quarto e como se fosse um dia qualquer levantou. Tomou um demorado banho frio, coisa que não costumava fazer pela manhã, seu banho sempre fora ao meio-dia ou à tardinha. Vestiu um vestido leve e branco que costumava usar no verão a noite, tomou o desjejum e saiu para a rua gelada.

Alguma coisa estava errada, alguma coisa a inquietava. Não sabia dizer o quê.

Saiu pela porta com muita facilidade e sobressaltada na calçada, pensou ter deixado a porta aberta. Voltou vagarosamente e aliviada constatou que a porta estava fechada.

Os olhos atentos a tudo e a todos. Tinha a impressão que a vida estava mais viva, as coisas pareciam mais reais, o mundo parecia mais colorido. Uma perfeição do eterno momento que não conseguia explicar. Só uma sensação de estranheza teimava em lhe incomodar.

Passou lentamente pelo mercado, que costumava passar todo o dia e pela primeira vez prestou atenção nos trabalhadores que estavam correndo apressadamente, carregando caixas, pacotes, mercadorias. Estavam muito atarefados e não a reconheceram, não a cumprimentaram.

Acenou distraída para um menino que brincava com um gatinho, que desvencilhou-se no mesmo instante, para continuar brincando depois.

Finalmente, chegou ao serviço. Sentiu-se como uma estranha, uma sensação esquisita que não conseguia entender. Todos a ignoravam, era como se os colegas não a enxergassem. Estavam todos como cegos, distantes, preocupados com seus próprios pensamentos, seus próprios afazeres, suas próprias vidas. Movimentavam-se rapidamente de um lado para o outro no caos dos corredores do edifício onde trabalhava e funcionava a bolsa de valores.

Chegou à sala do Setor administrativo, onde passava a maior parte do tempo e sentiu um perfume diferente, uma energia diferente inundava o ambiente. Na cadeira, um bolsa desconhecida. Estranhou também a foto no porta retrato. Estranhou ao ver o computador ligado. Será que esquecera ligado na noite anterior? Costumava trabalhar até tarde. Não conseguia pensar direito, aliás estava desacostumada a pensar, sua atenção era voltada só para o trabalho.

Olhou demoradamente pela janela, tudo se movia rapidamente. De um lado para o outro, num aparecer e desaparecer, como ondas que se formam grandiosas para sumir depois. Estranhou. Suspirou profundamente, aspirou o ar que entrava pela janela, numa tentativa de buscar um fôlego de vida e sem titubear começou a trabalhar.

Trabalhou o dia inteiro, sem que a notassem, um dia que passou despercebida, um dia que sentiu-se livre, pode despertar uma melancolia de intenso prazer, que transformou-se após dois dias, três dias, muitos dias em uma interminável depressão.

Havia perdido sua individualidade, no silêncio do movimento. Não conseguia sentir os dias, não conseguia sentir amor, tudo era cinzento, sombrio, vazio, ausente de presença, ausente de experiência. O dia tinha sumido, a noite tinha sumido. Até quem em uma certa manhã despertou como de costume e tudo estava branco, o quarto tinha sumido também.