31 de dez. de 2010

Fernando Pessoa



"Não só quem nos odeia ou nos inveja

Nos limita e oprime; quem nos ama

Não menos nos limita.

Que os deuses me concedam que,

Despido de afetos, tenha a fria liberdade

Dos píncaros sem nada.

Quem quer pouco, tem tudo;

Quem quer nada é livre;

Quem não tem, e não deseja

Homem, é igual aos deuses".

Fernando Pessoa

30 de dez. de 2010

Projeto Práxis Filosofia e Sociologia para o Ensino Médio

O Projeto Práxis é composto por uma Rede Social Virtual e por uma Biblioteca Digital especializada em conteúdo de Filosofia e Sociologia para o Ensino Médio e está disponível na Internet, portanto, aberta para consulta pelo público em geral. O objetivo deste projeto é o de contribuir para a qualidade do ensino de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino, oportunizando maior integração entre professores e alunos. A Rede Social Virtual permite aos alunos e professores a criação de comunidades de discussão sobre diversos temas que dizem respeito ao processo de ensino-aprendizagem e discussão de conteúdos de ensino de ambas as disciplinas. A Biblioteca Digital serve como instrumento de pesquisa sobre os temas dessas disciplinas e constitui-se de conteúdo por meio de acervo digital e, também, de acervo físico catalogado e disponível no Laboratório Interdisciplinar de Ensino de Filosofia e Sociologia (LEFIS).Contatos: lefis@sed.sc.gov.br ou praxis@geness.ufsc.br

18 de dez. de 2010

A tela da reflexão


"A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas".
Manoel de Barros

16 de dez. de 2010

Diário de Bordo

Meu diário de bordo inicia hoje, ainda no Brasil.
Acabo de receber autorização do visto para viajar até o Canadá.
Ainda não sei se irei visitar Winnipeg ou Winterpeg!
Farei rápidas descrições sobre o processo da viagem.
Entretanto, fico mais direcionada em vivenciar as experiências do que em descrevê-las.
Espero que meu coração se aqueça e não congele, mas espero sinceramente voltar ao Brasil, falando melhor a lingua inglesa. A pair of powerful spectacles has sometimes sufficed to cure a person in love. F. Nietzsche

6 de nov. de 2010

http://www.visitefernandopessoa.org.br/


Só quem puder obter a estupidez
Ou a loucura pode ser feliz.
Buscar, querer, amar... tudo isso diz
Perder, chorar, sofrer, vez após vez.
Fernando Pessoa

2 de nov. de 2010

Como surgiu este nome

Vila Madalena

No século XIX, a área conhecida como Sítio do Buraco pertencia a um fazendeiro que tinha três filhas: Madalena, Beatriz e Ida. As três tornaram-se nomes de bairros da Zona Oeste, mas foi a Vila Madalena que conquistou a maior fama. No início do século passado, havia ali apenas uma dezena de casas de alvenaria. Mais tarde surgiram botecos e campos de futebol. A região só começou a se revigorar nos anos 70. Na época, o governo militar fechou a moradia da Cidade Universitária e muitos estudantes da USP se mudaram para lá. Desde então, a Vila ganhou o perfil boêmio e intelectual que conserva até hoje.


Rua Aspicuelta

É uma homenagem ao jesuíta João de Aspicuelta Navarro, que integrou o primeiro grupo de missionários da Companhia de Jesus no Brasil, em 1549. O nome foi registrado na prefeitura em 1948. Hoje, bares, restaurantes e ateliês badalados fazem da pequena Rua Aspicuelta uma das mais movimentadas da Vila Madalena.

24 de out. de 2010

Exposição Troca - Bienal / SP

Troca de informações...Troca de emoções...Troca de desejos...Troca de favores...Troca de sonhos
O preso, troca o tique-nervoso de bater na madeira para bater no livro "O conde de Monte Cristo" em troca, tem seu desejo realizado.... sua fugaz liberdade, consistia apenas nisso, depois de bater no "Conde de Monte Cristo".

15 de out. de 2010

Professor

Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, não dá tempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
Fonte: Internet

3 de out. de 2010

Em nome do barro

"O barro faz obras para que as olhemos, faz pratos para que camamos, faz canecas para que bebamos, faz até casas para que vivamos dentro delas. Tudo vem do barro. De barro somos feitos e barro fazemos. Por isso, quanto mais o homem se afundar no barro, mais será o que é." Extraído do Evangelho de Barrabás

16 de set. de 2010

www.contosviolenciaurbana.blogspot.com

Geralmente quem trabalha em Bibliotecas, tem a felicidade ímpar de conhecer pessoas, as mais variadas, com os mais diversos estilos e personalidades: Pelotas! Rio Grande! Santa Cruz! Em todos os cantos do mundo, dos mais pacatos aos mais badalados Centros de Cultura, sempre será possível encontramos pessoas incríveis, pessoas espetaculares, pessoas únicas e sempre teremos prazer em conhecê-las!
Segue o link do blog do usuário Sr. Glauco Schneider, que eventualmente comenta sua produção literária pelos corredors da Biblioteca. Leiam, mas não se choquem... é para chocar!

Divulgando blog: www.contosviolenciaurbana.blogspot.com

Tenho a melhor profissão e trabalho com o melhor produto: Informação!

29 de ago. de 2010

Não contem com o fim do livro

O livro entitulado Não contem com o fim do livro de Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, trás um importante capítulo: Todos os livros que não lemos.

"Como o marquês de Fuscaldo tornou-se o homem mais sábio de seu tempo? Herdara do pai uma imensa biblioteca, mas ignorava-a solenemente. Um dia, ao abrir um livro por acaso, achou uma cédula de 2 mil liras entre duas páginas. Perguntou-se se o mesmo acontecia nos outros livros e passou o resto de sua vida folheando sistematicamente todos os livros que recebeu de herança. E foi assim que se tornou um poço de saber."

"A pessoa que entra na sua casa pela primeira vez, descobre sua imponente biblioteca e não acha nada melhor para lhe perguntar a não ser: `Você leu todos?`, conheço várias maneiras de responder. Um amigo respondia: `Mais, cavalheiro, mais.
Quanto a mim, tenho duas respostas. A primeira é: `Não. Esses livros são apenas os que devo ler semana que vem. Os que já li estão na Universidade.`A segunda resposta é: `Não li nenhum desses livros. Senão, por que os guardaria?`."
Fica a dica de leitura.

5 de ago. de 2010

Aprender a (vi)ver

"Fazer da vida cotidiana uma obra de arte para desfrute pessoal, sem precisar de museu nem de grande público, esse é o grande desafio. Eis o mistério da existência."
(Juremir Machado da Silva, Aprender a (vi)ver)

30 de jul. de 2010

Deus Me Proteja

Deus Me Proteja

Chico César

Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa.
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde ilumine e zele assim

Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa.
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde ilumine e zele assim

Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer

27 de jul. de 2010

Direitos humanos X Deveres humanos

A Racionalidade Irracional

Texto de José Saramago
Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie. E o instinto serve melhor os animais porque é conservador, defende a vida. Se um animal come outro, come-o porque tem de comer, porque tem de viver; mas quando assistimos a cenas de lutas terríveis entre animais, o leão que persegue a gazela e que a morde e que a mata e que a devora, parece que o nosso coração sensível dirá «que coisa tão cruel». Não: quem se comporta com crueldade é o homem, não é o animal, aquilo não é crueldade; o animal não tortura, é o homem que tortura. Então o que eu critico é o comportamento do ser humano, um ser dotado de razão, razão disciplinadora, organizadora, mantenedora da vida, que deveria sê-lo e que não o é; o que eu critico é a facilidade com que o ser humano se corrompe, com que se torna maligno.
Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de facto muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se. E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra?
Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar (se é que o dizem e não se limitam a agir) que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer.
Falámos muito ao longo destes últimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixámos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de facto, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.
José Saramago, in ‘Diálogos com José Saramago’

Fonte

18 de jul. de 2010

"Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia"

Há exatos 30 dias da morte da Saramago, acabo de ler "As intermitências da morte".

"De repente, a morte suspendeu suas atividades no país. A nação se embandeirou: tinha sido escolhida para a imortalidade, depois de milênios de sofrimento e sujeição à "indesejada das gentes". Ano Novo, vida eterna, porque desde 1º de janeiro ninguém mais morria nesse estranho canto do mundo...O primeiro ministro teme uma crise. O cardeal antevê o pior: "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja". Uma orgnização secreta - a máphia - surge para tirar proveito."Em poucas páginas Saramago de forma inteligente e irônica, apresenta uma sociedade em que a morte faz 'greve' e como a 'imortalidade' é capaz de tensionar e afetar o dia a dia das pessoas...

"...era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu."
A morte não estava em greve no dia 18 de junho, há exatos 30 dias atrás.

10 de jul. de 2010

Gmail Enviada: ter 18/11/2008 12:50

Gotas flutuando no ar
nas minhas mãos
viram mar.

Instrucciones para dar cuerda al reloj (Julio Cortázar)

Preámbulo a las instrucciones para dar cuerda al reloj

Piensa en esto: cuando te regalan un reloj te regalan un pequeño infierno florido, una cadena de rosas, un calabozo de aire. No te dan solamente el reloj, que los cumplas muy felices y esperamos que te dure porque es de buena marca, suizo con áncora de rubíes; no te regalan solamente ese menudo picapedrero que te atarás a la muñeca y pasearás contigo. Te regalan -no lo saben, lo terrible es que no lo saben-, te regalan un nuevo pedazo frágil y precario de ti mismo, algo que es tuyo pero no es tu cuerpo, que hay que atar a tu cuerpo con su correa como un bracito desesperado colgándose de tu muñeca. Te regalan la necesidad de darle cuerda todos los días, la obligación de darle cuerda para que siga siendo un reloj; te regalan la obsesión de atender a la hora exacta en las vitrinas de las joyerías, en el anuncio por la radio, en el servicio telefónico. Te regalan el miedo de perderlo, de que te lo roben, de que se te caiga al suelo y se rompa. Te regalan su marca, y la seguridad de que es una marca mejor que las otras, te regalan la tendencia de comparar tu reloj con los demás relojes. No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen para el cumpleaños del reloj.
Instrucciones para dar cuerda al reloj
Allá al fondo está la muerte, pero no tenga miedo. Sujete el reloj con una mano, tome con dos dedos la llave de la cuerda, remóntela suavemente. Ahora se abre otro plazo, los árboles despliegan sus hojas, las barcas corren regatas, el tiempo como un abanico se va llenando de sí mismo y de él brotan
el aire, las brisas de la tierra, la sombra de una mujer, el perfume del pan.

¿Qué más quiere, qué más quiere? Átelo pronto a su muñeca, déjelo latir en libertad, imítelo anhelante. El miedo herrumbra las áncoras, cada cosa que pudo alcanzarse y fue olvidada va corroyendo las venas del reloj, gangrenando la fría sangre de sus rubíes. Y allá en el fondo está la muerte si no corremos y llegamos antes y comprendemos que ya no importa.

3 de jul. de 2010

Viviane Mosé

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)

acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abscessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão

mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema

pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema

palavra suor é melhor do que palavra cravo
que é melhor do que palavra catarro
que é melhor do que palavra bílis
que é melhor do que palavra ferida
que é melhor do que palavra nódulo
que nem chega perto da palavra tumores internos
palavra lágrima é melhor
palavra é melhor
é melhor poema

receita para arrancar poemas presos:

você pode arrancar poemas com pinças
buchas vegetais. óleos medicinais
com as pontas dos dedos. com as unhas
com banhos de imersão
com o pente. com uma agulha
com pomada basilicão
alicate de cutículas
massagens e hidratação

mas não use bisturi nunca
em caso de poemas difíceis use a dança.
a dança é uma forma de amolecer os poemas
endurecidos do corpo.
uma forma de soltá-los
das dobras dos dedos dos pés. das vértebras
dos punhos. das axilas. do quadril

são os poema cóccix. os poema virilha
os poema olho. os poema peito
os poema sexo. os poema cílio

ultimamente ando gostando de pensamento chão
pensamento chão é poema que nasce do pé
é poema de pé no chão
poema de pé no chão é poema de gente normal
gente simples
gente de espírito santo

eu venho do espírito santo
eu sou do espírito santo
traga a vitória do espírito santo

santo é um espírito capaz de operar milagres
sobre si mesmo

para uma nova gramática:

imagine um sentimento água. um sentimento árvore.
uma agonia vidro. uma emoção céu. uma espera pedra.
um amor manga. um colorido vento sul. um jeito casa
de ser. uma forma líquida de pensar. uma vida paredes.
uma existência mar. uma solidão cordilheira. uma alegria pássaro em chuva fina. uma perda corpo.

acho que hoje acordei semente. tenho andado muito temporal. minha irmã vive um momento tudo. a vida
às vezes transborda pelos poros. me atinge um estado livro. aurora em meus joelhos. tem pessoas ponte.
algumas carregam a gravidade nas costas. já conheci gente

20 de jun. de 2010

Complexidades

"O ser humano é um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável. Sorri, ri, chora, mas sabe também, conhecer com objetividade; é serio e calculista, mas também ansioso, angustiado, gozador, ébrio, estático; é um ser de violência e de ternura, de amor e de ódio; é um ser invadido pelo imaginário e pode reconhecer o real; que é consciente da morte, mas que não pode crer nela; que secreta o mito e a magia, mas também a ciência e a filosofia; que é possuído pelos deuses e pelas ideias, mas que duvida dos deuses e critica as ideias; nutre-se dos conhecimentos comprovados, mas também de ilusões e de quimera."
Morin, 2001

18 de jun. de 2010

José Saramago 1922-2010


José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922Lanzarote, 18 de Junho de 2010).

Um homem fascinado pelos livros.
Um grande escritor, jornalista, romancista, poeta, contista, etc.
Impossível defini-lo, fácil amá-lo.Leia aqui,sua última postagem.
Saramago morreu aos 87 anos de idade.
Leia também aqui texto do escritor Cassionei Niches Petry

19 de mai. de 2010

14 de mai. de 2010

Elogio da Dialética - Bertolt Brecht

ELOGIO DA DIALÉTICA (BERTOLT BRECHT)

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.

Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.

Só a força os garante.

Tudo ficará como está.

Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.

No mercado da exploração se diz em voz alta:

Agora acaba de começar:

E entre os oprimidos muitos dizem:

Não se realizará jamais o que queremos!

O que ainda vive não diga: jamais!

O seguro não é seguro. Como está não ficará.

Quando os dominadores falarem

falarão também os dominados.

Quem se atreve a dizer: jamais?

De quem depende a continuação desse domínio?

De quem depende a sua destruição?

Igualmente de nós.

Os caídos que se levantem!

Os que estão perdidos que lutem!

Quem reconhece a situação como pode calar-se?

Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.

E o "hoje" nascerá do "jamais".

12 de abr. de 2010

Keith Richards, do Rolling Stones, sonha ser bibliotecário

Keith Richards diz em autobiografia que sonha em ser bibliotecári

Enviado por: "Olivia" oliviausp@yahoo.com oliviausp

Dom, 4 de Abr de 2010 10:00 am

Guitarrista do Rolling Stones diz que há anos cultiva paixão por livros.
Roqueiro teria recebido US$ 7,3 milhões em antecipação por biografia.
O guitarrista Keith Richards, do Rolling Stones, tem o sonho secreto de ser bibliotecário, diz o próprio em uma autobiografia que está perto de ser publicada.

Segundo a edição deste domingo (4) do jornal inglês "The Sunday Times", o músico confessa no livro que, apesar de sua imagem de roqueiro, há anos cultiva uma paixão pelos livros e inclusive recebeu formação profissional para organizar os guardados em suas casas na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Em sua biografia, pela qual teria recebido US$ 7,3 milhões por antecipação, Richards explica que tentou aplicar um sistema que utilizam os bibliotecários para ordenar seus livros, entre eles muitos sobre a história do rock e a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, Richards atuou como uma "biblioteca pública" ao emprestar exemplares de autores britânicos como Bernard Cornwell e Len Deighton para seus amigos, diz o jornal.

Segundo o "The Sunday Times", durante sua juventude na austera Inglaterra do pós-guerra, o roqueiro se refugiava na leitura antes de encontrar o blues.

Para Richards, "quando você cresce, há duas instituições que o afetam especialmente: a Igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca, que pertence a você. A biblioteca pública é enormemente igualitária".

Fonte: CRB
http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1556331-7085,00-KEITH+RICHARDS+DIZ+EM+AUTOBIOGRAFIA+QUE+SONHA+EM+SER+BIBLIOTECARIO.html

10 de abr. de 2010

4 de abr. de 2010

Feriado de Pascoa

Adoro feriados e dias comemorativos, porque neles consigo ir além do meu dia a dia. Neste feriado não viajei e portanto, além das aulas de dança, festas, visitas prometidas e cumpridas, consegui terminar minhas leituras iniciadas no ano passado, atualizar meu blog e ainda assistir meia dúzia de filmes (regados de chá para emagrecer e chocolates para engordar) :
Conto de inverno







Invictus .
Chico Xavier
Um caso Sinistro
Como já tinha trabalhado com o tema : 'Gravidez na adolescência' com os alunos, resolvi, no domingo, excluir o arquivo de aula da área de trabalho do meu computador. De repente, leio a seguinte mensagem na tela: "Você não pode excluir este arquivo, ele está sendo usado por outra pessoa ou programa" olhei assustada para os lados instintivamente, e claro não havia ninguém... ou será que Emanuel também apareceu por aqui ? Valha-me meu Deus!!!

3 de abr. de 2010

Invictus

Autor: William Ernest Henley (1849-1903). Escrito em 1875 e publicado em 1888.

De dentro da noite que me cobre,
Negra como a cova, de ponta a ponta,
Eu agradeço a quaisquer deuses que sejam,
Pela minha alma inconquistável.

Na cruel garra da situação,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.

Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta-se apenas o Horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.

Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa


2 de abr. de 2010

Terror vermelho

"Na sua engenhosidade, os métodos de tortura da *Cheka só se equiparam aos da Inquisição Espanhola. Cada repartição local da polícia política detinha uma especialidade. Em Kharkov, ficou famoso o "truque da luva", que consistia em mergulhar as mãos da vítima em água fervente, até que estivessem em carne viva e sangrando; então, os algozes arrancavam a pele, de preferência inteira, guardando-a como um troféu. Em Tsaritsyn, durante os interrogatórios, costuma-se serrar os ossos dos prisioneiros, e em Voronezh, eles eram encerrados em barricas crivadas de pregos, roladas de um lado para o outro. Em Armavir, apertavam-se os crânios com tiras de couro, produzindo dores insuportáveis nas têmporas e na nuca. Em Kiev, aquecia-se uma gaiola cheia de ratos presa ao tronco da vítima; querendo fugir, os bichos abriam caminho pelas entranhas do infeliz. Em Odessa, acorrentavam-se pessoas a pranchas e, lentamente, empurravam-nas em direção a uma fornalha, ou um tanque de água escaldante. No inverno, bastava jogar água sobre os corpos indefesos e nus, até que se tornassem estátuas de gelo. Muitos agentes preferiam a tortura psicológica, colocando os detentos diante de pelotões de fuzilamento e ordenando salvas de festim; ou os enterrando vivos; ou ainda, obrigando-os a se deitar em caixões, dividindo o espaço com cadáveres. Em alguns casos, eles assistiam seus entes queridos serem torturados, violentamente e mortos. Desnecessário dizer que não faltavam os sádicos (...)" (FIGES, 1999).

Mas quem eram esses algozes? Monstros? Não!
HumanosHumanosHumanosHumanosHumanos.
A maioria dos agentes mais cruéis não eram russos, pois Lenin achava os russos "molengas demais". Eram poloneses, letonianos, armênios e judeus. A maioria deles jovens, adolescentes brutalizados pela Primeira Guerra Mundial, pela Revolução e pela Guerra civil.

*Cheka - polícia secreta soviética de 1917 a 1922 (mais tarde transformada em OGPU, NKVD e KGB); o nome por extenso da Cheka era Comis/são Extraordinária de Todas as Rússias para Combater a Contra-revolução e a Sabotagem.

28 de mar. de 2010

Des Humanidade

Quase vencidas as mais de 1000 páginas do livro de Orlando Figes, "A tragédia de um povo: a revolução Russa 1891-1924", o que me resta são mais perguntas. Mudaram os líderes, mudaram os partidos, mas o homem continuou o mesmo. O diferente, o intruso, o inimigo foi desumanizado e aniquilado, vencido e trucidado, morto e vilipendiado. Tanto na literatura quanto na história , em diferentes épocas, vemos claramente a desumanização e intolerância com o outro:

-Raskólnikhov justifica a morte da velha agiota: “eu só matei um piolho, Sônia, e um piolho inútil, repugnante, prejudicial”;
-Escravos foram considerados como mercadorias e equiparados a animais;

-A morte de Gregor, tranformado em um horrível inseto, em Metamorfose de Franz Kafka, não causa maiores efeitos na família;
-Hitler animalizava os judeus associando-os a animais como, ratos e piolhos;
-Em Ruanda, nos estúdios das rádios populares, os tútsis são chamados de baratas, que precisam ser exterminadas, e assim milhares de tútsis são brutalmente assassinados, por milícia da etnia hutu, em apenas 100 dias.
-Um panfleto de grande sucesso na Rússia de 1917, entitulado "Aranhas e moscas", dividia a Rússia em duas espécies de insetos hostis.
"As aranhas são os patrões, os multiplicadores de dinheiro, os exploradores, a aristocracia, os abastados e os padres, os rufiões e parasitas de todos os tipos!... As moscas são os infelizes trabalhadores, que devem obedecer a todas as leis promovidas pelo capitalista - tal obediência torna-se obrigatória porque os pobres sequer tem uma migalha de pão."
"...purificar a terra russa de todos os vermes, das pulgas infames, dos carrapatos ricos...".

E assim ao longo da história vemos os papéis alterando, ora os dominadores, ora os dominados e todos irredutíveis na compreensão do outro, do próximo, do irmão... Eis o desafio que temos: aceitar o outro, reconhecê-lo, entendê-lo e por que não amá-lo? Não existe sociedade sem consonância, assim como não existe humanidade sem tolerância.

15 de mar. de 2010

Pierre Lèvy na FURG

Pierre Lèvy abre Semana da Informação

Com o já tradicional otimismo em relação à rede de computadores como forma de ligação entre as populações, o professor e filósofo da comunicação e da informação Pierre Lèvy atraiu ao auditório do Cidec-Sul, na FURG, mais de mil pessoas. A palestra abriu a programação da 2ª Semana da Ciência da Informação, que vai até dia 19 e marca as comemorações dos 35 anos do curso de Biblioteconomia da FURG.Pela primeira vez em Rio Grande, o filósofo palestrou e respondeu a perguntas sobre sua extensa obra. Ele estuda principalmente as relações humanas a partir da rede mundial de computadores e considera positiva e até obrigatória a utilização de redes de relacionamento como Orkut, Twitter ou Facebook, por exemplos, para criar o que chama de “inteligência coletiva”.Para Lèvy, a mídia digital trouxe uma revolução muito maior que as mudanças mundiais anteriores, provocadas pela descoberta da escrita, do alfabeto ou da imprensa. Ele acredita também na criação futura de uma língua universal específica para o mundo virtual e que as instituições hoje existentes terão que pensar uma nova forma de organização.No público, estavam estudantes de ensino médio e superior, professores e profissionais de várias áreas do conhecimento que tiveram perguntas respondidas e livros autografados pelo professor.

Postado por CRB-10 no CRB10 em 3/15/2010 02:31:00 PM

7 de mar. de 2010

Economia a pessoa acima do dinheiro - CF 2010

Músicas


Miséria - Titãs
Abandonados pelo sistema - Tribo de jah
Problema social - Seu Jorge
Casa - Cidade Negra
Cada irmão - Oswaldo Montenegro
Dinheiro - Arnaldo Antunes
Utopia - Vicente
Nova ordem - Chimarruts
Menino do Brasil - Gonzaguinha ...
Somos quem podemos ser - Engenheiros do Hawaii
Irmãos da lua - Renato Teixeira e Jessé
Metal contra as nuvens - Legião Urbana



Nada é impossível de mudar -Bertold Brecht
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

1 de mar. de 2010

Volta às aulas

Mais um ano começa
meus olhos estão brilhantes
-Vamos começar a aula?
(penso)
"este ano faremos A diferença!"

Olho para meus alunos
e encontro o opaco da indiferença

Começo a falar animada
Em silêncio todos me observam
Estarão entendendo o que falo?
Um braço levanta,
meu coração agita,
... e ... palpita.

Felizmente uma pergunta,
deste pequeno grande brasileiro
- Professoraaaaa!!!! Posso ir ao banheiro?

24 de fev. de 2010

Show folclórico

Numa noite quente
ao som de puxada de rede
registrei para poder rever,
e mostrar para você,
Alinhar à direitavosmecê, vossa mercê
danças tão lindas
como samba de roda
e maculelê

do fogo de chão e da capoeira,
só faltou levantar poeira

todos ficamos eufóricos
diante do show folclórico!
Foto: Jorcenita Alves

23 de fev. de 2010

Itaparica

"E que é que se vê nesta ilha, que no mundo não tem comparação? Nem uma vida, nem duas vidas, nem quatro vidas, nem dezoito vidas bastariam para se aprender tudo o que há na ilha. Sabe-se de gente que está nela faz mais de quarenta ou cinquenta encarnações e, a cada reencarnação, por mais bem vividas que tenham sido as anteriores, o encarnado pode até pensar que já compreende muita coisa, mas, quando fica velho, vê que não compreende quase nada, precisa voltar sabe-se lá quantas vezes - Deus não tem pressa nenhuma, para Ele tudo é ontem, hoje e amanhã, só quem vive dentro do tempo somos nós. Para ficar apenas num exemplo, quem compreende os mangues, todas as suas mutucas, todas as suas locas, todos os seus siris, sururus, caranguejos e aratus? Ninguém, por mais escolado. E assim tudo mais, das pedras enterradas aos bichos voadores, o que se conta sempre podendo ser verdade ou mentira, nada se logrando provar com prova provada mesmo."
Ribeiro, João Ubaldo. Miséria e grandeza do amor de Benedita. p.13

Senti o ar da ilha, bebi água na fonte da bica e acreditem ...
rejuveneci uma vida!

"-Juvenal, meu maioral! (...)
-Deoclécio, meu grande sécio! (...)
-E continuas rei da ladroagem?
-Tanto quantos és rei da sacanagem.
-Que novidade me traz lá de Jaguaripe?
-Tem tanta puta quanto tem Maragogipe.
-Um dia destes trazes uma de lembrança?
-Só se for juntos que fizermos a chibança."

João Ubaldo Ribeiro