28 de abr. de 2012

Amada



Acabo de ler "Amada". Um romance recheado de memórias desconexas, lembranças de eventos vividos por Seth, Denver, Paul D., Baby Suggs, Amada. Um passado presente, um passado vivo, que abre feridas já cicatrizadas. Um livro de amor, vingança e ódio, poesia e crueldade, que pode fazer você sorrir e chorar.

Contexto: Negros logo após a guerra civil norte-americana (1861-1865).

"...para quê? Para que uma escrava de sessenta e tantos anos, que andava como um cachorro a quem faltasse uma das patas, precisava de liberdade? Porém, ao pôr os pés em terra livre, não conseguiu acreditar que Halle, que jamais respirara o ar da liberdade, sabia mais do que ela: que não havia nada igual no mundo. Ficou amedrontada.
Havia alguma coisa de errado. Mas o quê?, perguntou a si mesma. Não tinha a menor consciência do próprio corpo, nem se sentia curiosa para saber como os outros a viam. Então, subitamente, olhou as mãos e pensou, com uma clareza tão simples que chegava a ser chocante: estas mãos me pertencem. São minhas mãos. Em seguida, sentiu uma vibração ritmada dentro do peito e descobriu mais uma novidade: seus batimentos cardíacos. Fora assim o tempo todo? Esse som? Sentiu-se uma tola e começou a rir alto. O sr. Garner olhou para ela por cima do ombro, rindo também.
- Qual é a graça, Jenny?
- Meu coração está batendo - ela respondeu, sem conseguir parar de rir.
E era verdade." pág. 167


MORRISON, Toni. Amada. São Paulo: Best Seller, c1987. 321 p. ISBN 85-7123-107-9 .http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2408

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