26 de set. de 2012

Carta à uma amiga



Minha cara amiga.
Não se admire se algumas palavras se repetirem nesta carta, tal é a confusão do meu espírito. Quero que sejas a primeira a saber da novidade:  estou cursando Filosofia na Unisc. Entrei no curso de Filosofia meio que fortuitamente. Em maio do corrente ano, recebi, por e-mail, informações sobre o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR. Fiquei deveras eufórica e, tomada de êxtase, corri ao Departamento, fiz ligações para a PROGRAD, falei com a 6ªCRE, a fim de obter maiores esclarecimentos sobre o curso. Frustrada, recebi a informação de que se tratava de um curso presencial e de Graduação. No ímpeto em buscar maiores conhecimentos e subsídios para enriquecer as aulas de Filosofia, julguei ter lido “Curso de atualização” e não “Curso de Graduação”. É de seu conhecimento que tenho uma super carga horária (12 horas diárias) e as aulas presenciais inviabilizariam minha participação. Por fim, acabei me inscrevendo no curso devido ao baixo número de inscritos, inicialmente. Havia combinado com a coordenação do curso que, tão logo ele fosse aprovado pela CAPES/MEC, cancelaria minha inscrição. Entretanto, após ler meu nome na lista dos selecionados e ter feito a matrícula, não ousei cancelar minha inscrição. Estou fazendo agora a 2ª disciplina e disposta, minha querida amiga, a ir até o fim do curso. Claro que estou contando com a colaboração dos professores no que diz respeito a faltas, pois não poderei participar das aulas nas sextas-feiras, e participarei todos os finais de semana em que não estiver escalada na Biblioteca da Unisc, na qual trabalho como Bibliotecária de Periódicos. Você me conhece de longa data e sabe da minha predileção pelo conhecimento em geral e pela Filosofia em particular. Lembra de como gostava de participar dos eventos da Filosofia, sempre que possível? Lembra que falava com você em como adorava a professora Suzana Albornoz? Você lembra também do curso de “Filosofia e Felicidade” de que participei? Eu metida no meio de filósofos, professores e alunos? Lembra que quando me visitava eu socializava com você minhas impressões? Pois é, a vida dá voltas, não é mesmo? E agora, cá estou, realizando este curso que espero me ajude a desbravar os caminhos obscuros e misteriosos da vida. Veja, alguns fatores que endossaram minha decisão:
- trabalho com a disciplina de Filosofia em sala de aula e não tenho a formação necessária, como você sabe, sou Licenciada em História pela UFPel e Bacharel em Biblioteconomia pela FURG;
- o curso é totalmente gratuito;
- tenho disposição para aprender, apesar da pouca disponibilidade de tempo;
- meu dever enquanto educadora é procurar estar melhor preparada para ousar ensinar, vencendo inicialmente minha própria ignorância.
Meu espírito esperou pacientemente por este momento, vigiando sobre meu corpo, que, cada vez mais enrijecido, começa a movimentar-se agora com as vibrações dos filósofos e a amizade que tenho pelo saber. Gerbi destaca que, para Hegel (apud Mozart Linhares da Silva), “Os animais dormem por instinto; os selvagens repousam à noite; apenas o Espírito faz da noite dia”.
Espero que, ao final, as faltas nas noites de sextas-feiras sejam compensadas com a dedicação dos outros dias, que o espírito reine sobre a carne e que Ariel vença Caliban.
Um abraço, minha amiga. Crer na Filosofia e na arte de duvidar e fazer perguntas é uma das melhores coisas da vida. Creiamos, pois.
Jorcenita Alves

Revisão S. R. Tornquist

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