28 de mai. de 2008

Inabilidade



Vontade de sentir,

Imobilidade no agir

Dificuldade de falar

Olhar

Fecho os olhos e aspiro a cor do papel
Folhas caem no chão
Um raio de sol cai pela janela
ferindo o meu olhar
Olhar ferino
que crê
e não vê
não sabe olhar
olhar cego
ego
olhar do mesmo
olhar do mesmo outro
Dorme livro
sono
olhar
mar
ar
só resta sonhar

Vida além da vontade


Quem dera tirar de mim, essa dor e sofrimento

Irrita-me o barulho e todo qualquer movimento


No silêncio da minha alma, uma noite apagada

Olho para as estrelas, já não vislumbro nada


No ar rarefeito pululam partículas de pó

Gritando despertadas...Por Favor, deixem-me só!

25 de mai. de 2008

Mo vi mento


"Mas não basta ser só ilusão imensa
Para num falso coração ter tua presa?
Que importa o que há em ti, de tola indiferença?
A máscara que importa? Amo a tua beleza!"
Baudelaire

24 de mai. de 2008

Insustentável


Encontro na vida pesada, o alento no romance leve
Encontro na realidade da matéria que esmaga
A imaginação, a energia e os quarks que propaga
No hardware que parece real, o software ideal

O quê comanda? Quem comanda?
Esta vida pesada fantasiosa...
o móvel? o invisível? o vácuo?

Agarro-me a conceitos impalpáveis
que contém a palavra
que contém a criação
que contém o meu Ser
que contém o mundo

Salto sobre o mundo
acima do mundo
livre, leve, solto no ar

o vazio voa
o cheio nem consegue se levantar

19 de mai. de 2008

LeTrINhAs esCORreGaDias ou O corvo

Escorregam letrinhas do céu da minha boca
e formam palavras translúcidas, loucas
Escorregam letras e passam meu véu
atravessam a realidade, atingem o céu

Letrinhas dispersas
esvoaçantes no mundo
recriam a vida
dançando meu mundo

As letras escorregadias,
...já não as tenho mais.
Caem do céu, voltam pra o céu
E num suspiro cheio de ais
Voltam para mim?
Não!!! Nunca mais!

18 de mai. de 2008

Sonhos

Como uma estrela que brilha,
em noites sem poluição
assim brilham os meus olhos
ao ver além da imaginação

e esse além ultrapassa
toda a existência minha
e transforma em brilho e arte
o amor que de mim irradia

e sem o véu que cobre o meu olhar
entre o quadrado e o triângulo me formo
em um círculo me transformo; raios, raia
e quase ultrapasso o veu de Maia

Continuo sonhando, imaginando
esperando, reinventando..., cheia de convicção
porque afinal, a realidade não é verdadeira
mas os meus sonhos, hááá! esses são!!!

Palavras de Silêncio


Às vezes o silêncio é a melhor palavra para tudo o que sentimos...

"(...)o dizer se compõe sobretudo de silêncios, de coisas que, por serem sabidas, se calam, ou que são completamente inefáveis e nas quais, no entanto, se apóia, como em uma terra nutriz (...)". José Ortega y Gasset.

15 de mai. de 2008

Reflexões de uma das partes

Vou contar-vos uma estorinha....Era uma vez dois cachorrinhos que brincavam, se aninhavam, acarinhavam, se amavam...até que colocaram um único osso para eles. Era outra vez dois homens que conversavam, se abraçavam, se regozijavam, se amavam...colocaram então Helena entre eles....
Epicteto afirmava: não podemos chamar a ninguém de amigos, até não ter visto, aonde eles colocam seu interesse. ""Não examine se os amigos são filhos dos mesmos pais, se foram criados pelas mesmas pessoas ou pelo mesmo pedagogo, mas somente isso: onde eles colocam seu interesse, se nas coisas exteriores (dinheiro, saúde, etc), coisas que não dependem de nós ou no que depende de nós. Se nas coisas exteriores, não os chames de amigos, nem fiéis, nem firmes e corajosos ou livres, nem ainda homens."

Marco Aurélio dizia: "(...) Dentre as verdades que convém ter sempre em mente, eis estas duas: primeiro, que as coisas exteriores nunca podem tocar tua alma, pois a perturbação provém apenas de dentro; segundo, que tudo o que é visível muda num segundo e já não existe mais (...)."
E Nietzsche pela boca de Zaratustra e de um mancebo se pronunciou: "Eu transformo-me depressa demais: o meu hoje contradiz o meu ontem."
Alguns anos depois Ernesto Sábato falou: "(...) Agora imagine o que é a realidade dos seres humanos, com suas implicações e rodeios, contradições e demais cambiantes. Pois muda a todo instante que passa, e o que éramos há um momento não o somos mais. Somos por acaso, a mesma pessoa? Temos, por acaso, os mesmos sentimentos?"
Hoje Eu falo:
"(...)O homem é um mistério entre um ser e um não ser, entre um criar e um estar, entre uma palavra e um silêncio, entre o espírito e a carne, entre a razão e a emoção. Está sempre incompleto, está sempre querendo signifcados significantes, está sempre há procura de alguma coisa, de um acontecer, caminha rumo ao infinito, esquecendo às vezes que ele é um meio e não um fim. Que não é completo, mas incompleto, que não é exterior, mas interior, que não é Eu, mas Sou. Que é essência, existência, experiência, presença(...)."

13 de mai. de 2008

Palavra


Descobri na palavra o alívio para minha alma, calma!
Descobri que a leitura, me acalma e faz eu ter mais ternura, cura
Descobri no encontro, a energia vibrando no ponto, conto ?
Conto nada! não sei fazer conto, sei fazer poesia que só amor irradia!
Faz diminuir a dor, mas nunca apagar um grande amor.


João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Herbert casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história ...

11 de mai. de 2008

Coisas


Estava a ler, sentada na minha solidão, quando deparei-me com uma frase do Gabriel Garcia Marquez, não! 2 frases, que me chamaram a atenção. Uma é a idéia de se "continuar vivendo no sonho", até aí, nada novo, porque acredito que no sonho muitas vezes vivemos muito mais. A outra, se me permitem vou transcrever: "- Antes de se deitar, veja bem que tudo fique em perfeita ordem, pois as coisas sofrem muito quando não são postas a dormir em seus lugares." E agora, terminantemente tenho que escolher entre: deixar as coisas no "seu lugar" para não sofrerem, ou fora do lugar (out) criando um caos e todo o sofrimento que poderá advir até que encontrem um novo lugar??? Pensei em Zaratustra que pela boca de Nietzsche me falou ontem a noite: "Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante."
A jorce quer a ordem a nita quer o caos, a primeira quer tudo, a "segundona" não quer nada.... Que dilema?!!! quê fazer???? Enquanto não encontro respostas para o que fazer com "as coisas" vou vivendo no meu corpo enquanto deixo as coisas encontrarem seu lugar por si só, silenciosamente. Por ora não farei nada, até por que, bem ou mal, cada coisa já está no seu lugar.

3 de mai. de 2008

Procura-se um "contentamento descontente"


Quero um humano, melhor um humanista, até quem sabe um humanitista, existencialista, personalista, idealista, "utopista".
Quero alguém que não tenha medo de amar, amar a beleza, as letras, a poesia, o incognocível, o mistério, as portas e janelas, alguém que ame os erros e os acertos, alguém que tenha a poesia no coração, as palavras na mente e os sentimentos na boca sem deixar de lado a razão. Alguém que chore lendo Fernando Pessoa, Camões, Saramago, Eduardo Galeano e outros tantos, e outros ismos, e outros tantos mais ismos. E ria lendo os mesmos autores e mais alguns. Alguém que cante, alguém que dance, alguém que chore, que se enamore....das coisas mais banais, como uma estrela cadente ou uma estrela caída.

Quero alguém que ame o próximo e amando o próximo ame a mim também. E ame a Si. Alguém que seja alegre e triste, quero alguém que me aqueça, que me adormeça, que me faça sentir saudade. Não precisa ser homem, não precisa ser mulher, basta-me um humano de verdade, que goste das mesmas coisas que gosto, que sinta as vibrações que sinto, que seja um sonhador, não quero um cantor, compositor, gladiador, ator? quero simplesmente um grande amor.

Quero alguém que queira viver e não morrer, que queira amar mesmo que tenha que sofrer, que queira sorrir mesmo que esteja chorando, que queira me amar mesmo quando eu esteja sonhando.

1 de mai. de 2008

(....) (....) alguns anos depois, impressões malukas de uma EStrEla


Não é o monolito que leva o homem à invenção da ferramenta, mas o medo, a curiosidade, a coragem. O homem descobre um osso mais forte, que (se) transforma em ferramenta, que gera conhecimento, que se tranforma em pincel, que gera tecnologia, que se tranforma em informação, que gera mais informação. O homem agora, civilizado, racional, crítico, científico que conquistou o mundo, aprende a conquistar também o espaço. É criado uma "super ferramenta" Hal, o cérebro, cabeça pensante da nave. Este percebe que o homem é entendiante e entediado, alucinado, alienado, artificial, não passa de um "técnico de manutenção". Hal pensa que está vivo e tenta aniquilar o homem que parece estar morto. Mas a coragem resurge no coração do velho macaco que com uma simples chave de fenda mata o computador. O homem venceu a batalha contra a ferramenta, agora tem que enfrentar a si mesmo. É a evolução, a consciência, a transcendência, e inexplicavelmente a morte. Enfrentou a vida, agora tem que enfrentar a morte, enfrentou o natural, agora precisa vencer o sobrenatural. Dependeu da tecnologia e quase foi sucumbido por ela. Se o olho de Hal simboliza a cor do medo, o azul simboliza o futuro. Se bilhões de estrelas formam uma sombra de noite, apenas um raio de sol é capaz de iluminar a escuridão, aquecer e contagiar dando vida e esperança a este homem que entra em uma nova dimensão.

No conto "Sentinela"de Arthur C. Clarke, ele diz que "a quantidade de estrelas no céu é equivalente à quantidade de seres humanos que nasceram e morreram, então é possível que exista uma estrela para cada ser que existiu." Assim as pessoas que existem, existiram ou existirão tornar-se-ão no processo evolutivo brilhantes estrelas. Saberemos quando nos transformaremos em estrelas. No filme 2001 uma odisséia no espaço Bowman transformou-se na criança estrela.
Mais que a luz das estrelas, ah
Meu universo é
"Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as pode contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência." Gênesis 15:5

Equilíbrio


Equilíbrio
Carlos Vogt


O problema da bondade
é o bondoso
achar que é de fato
bom


O da maldade
é ser só
má enquanto
dom



Pintura by Luciana Ebeling

Caminhando e cantando ... Do Ré Mi Fá Sol


Vou caminhar comigo mesma, vou me (re) descobrir, me (re) inventar, me (re) gozijar, me (re) Mi Fa Si...

Charles Baudelaire, Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot defenderam o caminhante solitário que perambulavam pelos grandes boulevards.

"Nunca pensei tanto, existi tanto, vivi tanto, tanto fui eu, se assim ouso dizer, como nas coisas que fiz só a pé. A caminhada tem algo que anima e aviva minhas idéias; já não posso quase pensar quando estou parado; é preciso que meu corpo esteja em movimento para que invista meu espírito." Rousseau