25 de ago. de 2009

E então o quê?

"...Os fugazes instantes de comunhão ante a beleza que algumas vezes experimentamos ao lado de outros homens, os momentos de solidariedade ante a dor, são como frágeis e transitórias pontes sobre o abismo sem fundo da solidão...Por que se há de alcançar o absoluto, como dizem os filósofos, mediante o conhecimento racional de todas as experiências, e não por algum êxtase repentino e instantâneo que ilumine subitamente os vastos domínios do absoluto? (...) Por que buscar o absoluto fora do tempo e não nesses instantes fugazes mas poderosos nos quais, ao escutar algumas notas musicais, ou ao ouvir a voz de um semelhante, sentimos que a vida tem um sentido absoluto?
Este é para mim o sentido da esperança e o que, apesar da minha sombria visão da realidade, me soergue para a luta.
Todo o horror dos séculos passados e presentes, na longa e difícil história do homem, é inexistente para cada criança que nasce e para cada jovem que começa a crer..."

Sábato, Ernesto. Homens e engrenagens: reflexões sobre o dinheiro, a razão e a derrocada de nosso tempo, 1993.

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