9 de out. de 2008

Bem, comecei uma nova fase da minha vida agora, a cada dia começo tudo novamente, mas a noite é sempre a mesma chorosa que volta para casa olhando as estrelas, sonhando e se angustiando. E como sempre, na leitura, hááá na leitura e somente nela, encontrando alívio para suas perguntas, mágoa e dor.
Estou lendo "Recordações da casa dos mortos", uma espécie de ficção biográfica de Dostoiévski quando esteve exilado na Sibéria, e encontrei a seguinte citação que por acaso me impressionou : "Achei vergonhoso e absurdo ter importunado um homem cujo principal cuidado consistia em se afastar o mais possível.... Mas a tolice estava feita. (...) Portanto, apesar de tudo, aquele homem soubera fazer-se amar!" Prefácio de Recordações da casa dos mortos. Dostoiévski.
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"os sofrimentos morais são muitos mais duros de suportar do que os físicos. O homem atrasado, ao entrar para o presídio, se vê num meio às vezes superior ao que vivia antes. Naturalmente se vê privado de muita coisa: da sua terra, da sua família, de tudo quanto lhe era mais querido: mais o meio é o mesmo. Já o homem culto, que a lei puniu com o mesmo castigo, se ressente de muito mais coisas; vê-se tolhido de todos os seus hábitos e necessidades, tem de se afazer a um meio que repugna, tem de aprender a respirar uma atmosfera muito outra... É como peixe jogado na areia... E para ele o castigo, que a lei considera igual para todos, se torna um tormento dez vezes exacerbado. Esta é a verdade! Mesmo sem se falar no sacrifício dos hábitos materiais.” Recordações da casa dos mortos.
"O eterno leitor da Bíblia de que já falei, aquele que enlouqueceu e, um dia, atirou um tijolo ao major, devia igualmente ser um daqueles a quem toda a esperança abandonara. Como é impossível viver sem esperança, procurara a morte por meio desse martírio voluntário. Declarou, aliás, que se atirara ao major sem ódio, apenas com o desejo de sofrer. E quem sabe que trabalho se desenvolvera, pouco a pouco, na sua alma, para chegar àquilo? Nenhum homem pode viver sem um objetivo, que se esforça por alcançar. Se já não tem objetivo nem esperança, a angústia transforma-o num monstro....O nosso objetivo, o objetivo de nós todos, era a libertação, a saída do presídio..." Recordações da casa dos mortos p. 245.

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