24 de fev. de 2009

No meu 'kanto' de encantos tudo é Belo e sublime !


Sou cabeça dura mesmo! Quando ponho uma coisa na cabeça...Valha-me óh, Deus!
Saiam de perto. Fujam se puderem....Agora imbestei que só os russos escrevem bem...
É claro, não descobri os outros ainda e enquanto não descobri-los, só existirão os russos, para mim.
Leio deles e neles, coisas interessantes que tocam alguma coisa lá dentro e aqui fora. Ontem mesmo li às pressas Manual da paixão solitária, leitura dinâmica, pulando algumas partes ou porque conhecia a história bíblica de Tamar ou porque minha amiga já tinha me falado sobre o livro, ou por que.... Agora ponho-me a ler Memórias do subsolo e começo a ter espasmos no rosto, volto cada parágrafo, paro para escrever.
Impossível ficar impassível!!!
Agradeço ao meu amigo 'Dostoiévskiano', que me emprestou todos os livros nas melhores traduções e que já me ensinou a pronunciar Tur guê niev .

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"Uma consciência muito perspicaz é uma doença, uma doença autêntica, completa. Para o uso cotidiano, seria mais do que suficiente a consciência humana comum, isto é, a metade, um quarto.." p.18

"Quanto mais consciência eu tinha do bem e de tudo o que é "belo e sublime", tanto mais me afundava em meu lodo, e tanto mais capaz me tornava de imergir nele por completo." p.19

- O problema que vejo e sinto, não é imergir no lodo, mas amá-lo e nele sentir prazer!

Parei e escrevi para mim mesma, agora continuo a leitura e vejo que o prazer não foi só meu...(risos). Por isso amo os russos, encontro neles o que encontro em mim. @*&%@ ou seja ter consciência demasiada da minha própria degradação.

"...chegava a ponto de sentir certo prazerzinho secreto, anormal, ignobilzinho quando às vezes, em alguma horrível noite de Petersburgo, regressava ao meu cantinho e me punha a lembrar com esforço que, naquele dia, tornara a cometer uma ignomínia e que era impossível voltar atrás...Sim, num prazer, num prazer!Insisto nisso."

Homens de ação_*Homens de pensamento
*normal_________ *desviam-se dos 'muros'
*estúpido________ *consciência hipertrofiada
*natureza________ *cheios de interrogações e dúvidas, esgueiram-se para as fendazinhas(enterrando-se no subsolo).
"Mas é exatamente neste frígido e repugnante semidesespero, nesta semicrença, neste consciente enterrar-se vivo, por aflição, no subsolo ... em toda esta peçonha dos desejos insatisfeitos que penetraram no interior do ser; em toda esta febre das vacilações, das decisões tomadas para sempre e dos arrependimentos que tornam a surgir um instante depois, em tudo isto é que consiste o sumo daquele estranho prazer." p. 24

Acho que Sábato bebeu na fonte de Fiódor, na auto-inumação dos seus heróis e +:

"Sou um indivíduo que se aprofundou em sua própria consciência e quem é que, tendo afundado nos vincos de sua consciência poderá respeitar-se?" p.302 Sobre heróis e tumbas.

"Mas isto realmente ocorre porque eu não me respeito. Pode porventura um homem consciente respeitar-se um pouco sequer?" p.28 Memórias do subsolo

Lembrei de Rilke, ao ler: "ame apenas o processo de atingir o objetivo, e não o próprio objetivo".p.46

E de ????

"- Isto não é engraçado! gritei para Fierfítchkin, cada vez mais irritado. Os culpados são outros, não eu." p.87
"harmonia geral".p.90
"preparava-me para algo extraordinário" p.92
O personagem principal (narrador), agarra-se ao capote de Símonov e lhe pede seis rublos para o futuro dos quais realizará todos os "projetos....". p. 96
Precisando de um padrinho para custear seus planos pensou: "O primeiro transeunte a quem eu me dirigir na rua terá obrigação de ser meu padrinho". p.99
"Está predestinado, é o destino!" p.100
"..ia acontecer impreterivelmente naquele momento, e nenhuma força poderia me deter...".p.101
"havendo amor, pode-se viver, mesmo sem felicidade. Até na aflição a vida é boa". p.107
"Com sentimentalismo talvez não se consiga muita coisa.(...) Onde não existe amor, também não há razão". p.111
"Antes de acusar os outros, é preciso que cada um aprenda por si mesmo a viver!" p.113
Humilhando e ofendendo Liza: "Porque todas aqui são escravas e há muito perderam a consciência e a compaixão". p. 116
"Meu apartamento era meu palacete, minha casa, o estojo em que me escondia de toda a humanidade". p. 129
Ele era infeliz, e ela compreendera isso.
"O amor consiste justamente no direito que o objeto amado voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele". p.142

"....Embora a consciência seja a maior infelicidade para o homem, ele a ama e não a troca por nenhuma outra satisfação. A consciência está acima do dois e dois.....Depois de dois e dois, certamente, nada mais restará, não só para fazer, mas também para conhecer. Então, cala-se os 5 sentidos e se imerge na contemplação...."

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